“Uma cidade boa para as crianças é uma cidade boa para todos”.
Washington Fajardo, recém-indicado Secretário Municipal de Urbanismo do futuro governo Eduardo Paes na Prefeitura do Rio de Janeiro, publicou este tuíte recentemente (06/12/2020). Coincidência ou convergência, o tema do projeto Novos Olhares da ABEA (Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo) deste mês tratou de Arquitetura, Cidade e Crianças.
Estudantes de diferentes pontos do país responderam ao desafio com propostas que vão desde o projeto de uma escola com projeto pedagógico inovador até uma ocupação lúdica do espaço urbano com trajetos coloridos. Há, também, exercícios de mapas mentais em que as próprias crianças desenvolvem propostas para as nossas cidades, que ainda hoje se mostram tão aquém das necessidades de crianças, idosos e portadores de dificuldades motoras sendo, portanto, hostis para muitos e ruins para todos.
Coincidentemente ou, novamente, por convergência, três entre as cinco propostas selecionadas são de alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, localizada na cidade do futuro Secretário. E, mais uma vez, o projeto Novos Olhares demonstra que parte das soluções para nossas cidades se tornarem, de fato, boas para todos, pode vir de dentro da Academia.
Brincar para cuidar: Centro de Atenção à Criança com Câncer em Curitiba-PR – Matheus Henrique Cruzara.
O projeto traz a emocionante proposta para um Centro de Atenção à Criança com Câncer, em Curitiba, de autoria de um estudante da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Mas, além da emoção, o projeto se apropria, de modo muito competente, dos declives do terreno de modo a abrigar as diferentes atividades: recepção, consultas, “pátio de brincadeiras” e o “bloco descansar”. O detalhe mais tocante é a ideia de transparência associada pelo autor ao conceito de esperança.
O Campo como Território Educativo: Creche e Centro Comunitário em Vieira, bairro rural de Teresópolis/RJ – Esther Ribeiro Costa
A proposta localiza-se em um bairro rural de Teresópolis e a reformulação de uma escola acrescida de um centro comunitário procura atender crianças e famílias de agricultores. O projeto arquitetônico do polo educacional e sociocultural contribui para a articulação comunitária e o fortalecimento das características locais.
Se Essa Casa fosse Minha: Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes – Bárbara Mansur Sarmet Moreira Smiderle
Projeto bem solucionado para terreno de forte aclive com espaços de moradia digna, que favorecem o processo socioeducativo de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e rompem com a lógica atual dos locais destinados aos serviços de acolhimento no país.
Recriando Caminhos: Proposição metodológica para a participação infantil na concepção de soluções de desenho urbano a partir do caminho casa-escola – Maya Neves de Moura Araújo.
Com este belíssimo título, o Trabalho Final de Graduação da estudante da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) propõe uma metodologia inovadora para a participação infantil, em que são concebidas soluções de desenho urbano para o caminho casa-escola. Segundo a própria autora, a proposta abre “uma trilha nova” e “um recorte espaço-temporal da longa jornada que é a luta por cidades mais justas, seguras e saudáveis”.
Requalificação Urbana para uma Cidade Lúdica – Tassiane Gavina Eyer
O projeto cria um parque no centro de Niterói e traz a ideia de caminho que já faz parte do imaginário da cidade. Com um circuito de caminhos e passarelas, explora as interseções entre a cidade e as necessidades do corpo frágil, utilizando o lúdico como um estímulo para o despertar ser criança. A ousadia cromática na pequena escala é diluída no conjunto.